domingo, 13 de setembro de 2009

Mais da metade das testemunhas protegidas no Rio sofreram ameaças de grupos paramilitares


RIO - Y., de 25 anos, costuma dizer que tem um "X" nas costas. Depois de enfrentar a milícia na favela onde morava, denunciando crimes cometidos por seus integrantes, o jovem virou alvo, como mostra a reportagem de Vera Araújo. Assim que os milicianos descobriram sua identidade, Y. teve o pai, que era homônimo, assassinado. O destino do rapaz acabou sendo o Programa de Proteção a Testemunhas, serviço federal criado há 13 anos para resguardar pessoas que denunciavam traficantes. Hoje no Rio, no entanto, mais da metade das pessoas abrigadas são vítimas de milícias.
Só a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) indicou 20 testemunhas para serem protegidas por causa das ameaças de milicianos. Para a coordenadora-geral de Proteção à Testemunha, Nilda Turra, o aumento no número de vítimas é decorrência do combate mais efetivo aos crimes praticados pelos grupos paramilitares. O programa é capaz de abrigar no Rio 90 pessoas.
- Quando a Secretaria de Segurança tem como estratégia atacar um determinado grupo, é comum o crescimento da demanda por vagas no programa. Isso aconteceu também na época da CPI do Narcotráfico, em Brasília - diz Nilda, lembrando que a média anual de gastos com o programa é de R$ 900 mil no Rio, sendo 80% do governo federal e o restante, contrapartida do estado.
A coordenadora-geral lembra que a pessoa que ingressa no sistema precisa ter um perfil específico:
- Não basta que a segurança pública não consiga garantir a integridade física da testemunha. É preciso que seu depoimento seja fundamental para elucidar fatos criminosos de grande repercussão.
O programa funciona desde 1996 e nunca houve o assassinato de uma testemunha que estivesse protegida. Apesar disso, ainda há aqueles que não conseguem se adaptar aos rigores do sistema e vão embora.
- A pessoa deixa sua casa, fica longe de parentes e amigos, justamente porque o risco é iminente. Mas, em alguns casos, ela não suporta. Mesmo assim, tentamos convencê-la de que é o melhor para sua segurança -- explica Nilda


O Globo

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