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domingo, 13 de setembro de 2009
Exército guatemalteco roubou mais de 300 crianças para entregar para adoção durante a guerra civil
RIO - O Exército da Guatemala roubou pelo menos 333 crianças e as entregou para adoção em outros países durante os 36 anos de guerra civil no país, informa um relatório concluído pelo governo.
- Muitas crianças foram parar nos Estados Unidos, na Suécia, na Itália e na França - disse o autor do relatório e chefe das investigações, Marco Tulio Alvarez.
Em alguns casos, os pais foram mortos para que as crianças pudessem ser entregues às agências governamentais de adoção no exterior. Outras, no entanto, foram tiradas dos pais sem que eles sofressem danos físicos.
- Este foi um grande abuso cometido pelo Estado - disse Alvarez à rede de TV americana CNN.
As investigações começaram em maio de 2008, com a análise de documentos que datam do período entre os anos de 1977 e 1989. Os 672 registros examinados indicam que as crianças foram levadas por razões financeiras e políticas.
Alvarez acredita que muitas outras crianças foram roubadas. Os investigadores se concentraram no período de 1977 a 1989 porque nesta época houve um pico no número de adoções, principalmente em 1986. Eles vão analisar os dados até 1995 e pretendem preparar um novo relatório para o próximo ano.
Cerca de 45 mil pessoas desapareceram durante a guerra civil, que durou de 1960 a 1996. Dessas, aproximadamente 5 mil eram crianças. Outras 200 mil pessoas morreram no conflito entre as guerrilhas de esquerda e as forças do governo direitista.
Por décadas, a adoção funcionou como uma fonte de renda no país. A guerra apenas facilitou os abusos. A Guatemala tem a maior renda per capita de adoção do mundo e é um dos maiores provedores de crianças para serem adotadas nos Estados Unidos. Aproximadamente, um em cada cem bebês nascidos na Guatemala acaba sendo adotado nos EUA, de acordo com o consulado americano na Guatemala.
Uma adoção pode custar até U$30 mil, um grande incentivo financeiro num país onde o Banco Mundial diz que cerca de 75% das pessoas vivem abaixo da linha da pobreza. As autoridades temem que algumas mães são pagas ou coagidas a dar os filhos para adoção.
Esta semana, o presidente guatemalteco, Alvaro Colom Caballeros, declarou estado de calamidade pública por causa da fome e da pobreza no país.
Apesar dos problemas, Alvarez espera que o relatório traga benefícios para a sociedade:
- Nós temos que dizer a verdade. Nossa sociedade precisa saber o que aconteceu e nunca permitir que isso se repita.
Fonte: Globo Online
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